X Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental
Como resultado das leituras e
discussões de “O Atlântico Negro”, de Paul Gilroy; “Introdução a uma poética da
diversidade”, de Èdouard Glissant; “Da diáspora”, de Stuart Hall; “A
modernidade líquida”, de Zygmunt Bauman; “Reflexões sobre o exílio”, de Edward
Said; e “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”, de Aníbal
Quijano, "Paisagens imaginárias", de Beatriz Sarlo, no âmbito do
Grupo de Pesquisa História e Cultura, Linguagem, Identidade e Memória, bem como
das aulas de “Sociedade, linguagem e diversidade amazônica”, do Curso de
Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, no primeiro semestre do ano letivo
do ano de 2007, surgiu a idéia de realizar um seminário que servisse de espaço
para o abrigo de reflexões em torno de temáticas que focassem o papel da
universidade como articuladora de intervenções acadêmicas e políticas sobre as
coisas, os dizeres, pensares e gentes de nossos tempos.
Com essa perspectiva, na última
semana de novembro daquele ano, realizamos o I Simpósio Linguagens e
Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental, com o tema "XXIª Fronteira:
corpos, falas e artefatos no trânsito de identidades amazônicas". Seu
objetivo era “dialogar com os conhecimentos e saberes produzidos nas experiências
de uma pluralidade de mulheres e homens que convivem em diversificados
ambientes, temporalidades, espacialidades e culturas da/na Amazônia
Sul-Ocidental”. Na justificativa do tema central constava a “necessidade de
colocar no cerne do debate, reflexões em torno das experiências de um conjunto
de movimentos sociais que emergem em áreas do campo, floresta e cidades dessa
parte da Amazônia - desde a virada do século -, evidenciando a constituição de
novas identidades e a formulação de outros discursos num cenário marcado pela
forte pressão sobre a natureza e o constante deslocamento de trabalhadores
sem-terra, sem-teto, desabrigados, desempregados, sem-direitos e outros
sujeitos sociais condenados ao desaparecimento por um sistema que, como
ressalta Zygmunt Bauman, os descarta como ‘lixo humano’.”
Passada uma década desde aquele
emblemático 2007, ano após ano, o mês de novembro passou a ser marcado por um
evento que se transformou em acontecimento no cotidiano acadêmico da
Universidade Federal do Acre (Ufac): um simpósio com status de congresso,
articulando intelectuais e ativistas de movimentos sociais de diferentes
localidades e nacionalidades, ora abrigando outros eventos como o Colóquio
Internacional as Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia, ora abrindo
espaços para semanas acadêmicas ou pautando o aparecimento e organização de
outros eventos nessa Instituição Federal de Ensino.
Considerando os altos custos das
passagens aéreas e de tudo o que envolve a realização de um evento acadêmico em
qualquer parte do país, mas, principalmente, nesta parte da fronteira
amazônica, uma década de ininterrupta realização do simpósio/congresso
linguagens e identidades é algo para ser celebrado por todos aqueles que
apostaram em sua idealização e, especialmente, pelos estudantes e professores
de diversas universidades brasileiras, peruanas e bolivianas que, todos os
anos, se fizeram representar nas conferências, sessões temáticas, mini-cursos,
oficinas, comunicações de pesquisas e atividades artísticas no campus da Ufac.
Uma década em que diversas
parcerias institucionais se consolidaram em torno do simpósio, propiciando não
apenas sua viabilização manutenção, mas sua consolidação na forma de uma
atividade de extensão que tem conseguido agregar a comunidade escolar e as organizações
de movimentos sociais das cidades e das florestas, em francos debates sobre os
temas da atualidade e posicionamentos abertos em defesa das causas de
trabalhadores rurais e urbanos, das lutas de emancipação, da defesa dos amplos
direitos ao espaço público, do reconhecimento das diferenças, da causa do
ensino público e gratuito, entre outros pautados pela presença de
diferentes saberes se cruzando e se intercambiando no interior da universidade.
Ao longo desses anos os
estudantes, professores, pesquisadores interessados tiveram assegurada a
publicação de suas comunicações de pesquisas e estudos nos anais do
simpósio/congresso, possibilitando completar o ciclo do que se entende
como extensão universitária: a realização de pesquisas e ações de ensino, a
apresentação de seus resultados e, por fim, sua publicação e disponibilização
pública da maneira mais ampla possível.
Neste ano de 2016, nos marcos do
X Simpósio Linguagens e Identidades, seu tema central, “Trânsitos
pós-coloniais e decolonialidade de saberes e sentidos”, reafirma a perspectiva
política e acadêmica que orientou seu surgimento e que tem norteado a maior
parte das publicações e das intervenções públicas nos espaços que dele
resultam. Mais que isso, a intenção é reafirmar a necessidade do pensamento e
da reflexão como elemento chave para a cisão com todas as (in)gerências que
tomam a parte pelo todo, que se pautam pela eterna mercantilização do ser e do
pensamento, que se acomodam em miméticos enquadramentos de mentes colonizadas.
CRONOGRAMA
- Inscrições
para submissão de Minicursos e Grupos de Trabalho: 15/03/2016 - 15/04/2016
- Divulgação
das propostas de Minicursos e Grupos de Trabalho aprovadas: 30/04/2016
- Inscrições
para participantes: 01/05/2016 - 07/11/2016
- Inscrições
em Grupos de Trabalho e em Sessões de Comunicações Livres: 01/05/2016 - 08/07/2016
- Divulgação
dos resumos de Grupos de Trabalho, Sessões de Comunicações Livres aprovados: 08/08/2016
- Submissão
de artigos completos para publicação em anais do evento: 10/08/2016 - 10/09/2016
- Inscrições
em Minicursos e Oficinas: 24/10/2016 - 31/10/2016
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