XV Congresso de Estudos Literários do Programa de Pós-Graduação em Letras

O XV Congresso de Estudos Literários do Programa de Pós-Graduação em Letras (XV CEL/PPGL) será realizado nos dias 22 e 23 de outubro de 2013, na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Vitória. Em sua nova edição, trará o tema Estudos culturais e pós-coloniais: literatura e voz subalterna e a participação de vários pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

APRESENTAÇÃO/SIMPÓSIOS
Os estudos contemporâneos têm se dedicado à investigação da produção discursiva oriunda das franjas ou periferias das sociedades em que se instaurou o saber-poder da colonialidade. Com vistas à valorização de narrativas e discursos que expressam projetos de resistência do colonizado e do sujeito pós-colonial, faz-se aqui o convite para o encaminhamento de trabalhos que investiguem a literatura em sua relação com vozes sociais subalternizadas pelo dispositivo colonial/pós-colonial. Incluem-se temáticas que relacionem a escrita a questões de gênero, etnia, classe etc., no aprofundamento de críticas comparatistas e interdisciplinares com enfoque em processos transnacionais e diaspóricos, que explorem as fricções entre literatura, oralidade e semióticas alternativas, desenvolvidas nos cinco Simpósios Temáticos que acolherão as comunicações, a saber:

I – Literatura, diferença e subalternidade
Coordenação: Júlia Almeida
Perceber a literatura como lugar de espessamento das tensões inerentes às questões de etnia, gênero, classe etc. (em suas sobreposições) é o objetivo deste Simpósio: ver o texto tensionado pela experiência de enunciação a partir de lugares periferizados do tecido social e o espaço discursivo (inclusive educacional) questionado pelas intervenções crítico-literárias de grupos subalternos.

II- Literaturas e infâncias: relações de saber-poder
Coordenação: Maria Amélia Dalvi
Interessam ao Simpósio estudos (de diferentes perspectivas teórico-metodológicas, oriundas de múltiplos loci, engendradas por ethoi discursivos heterogêneos) das relações de saber-poder inerentes às aproximações e estranhamentos entre literaturas e infâncias, tanto no âmbito das universidades e das escolas públicas de educação básica, quanto no âmbito dos mercados editoriais e das práticas de ativismo, jornalismo, produção e premiação cultural.

III- Literatura e outros meios: poéticas orais, expressões corporais, visuais e audiovisuais
Coordenação:  Jorge Nascimento e Paulo Roberto Tonani do Patrocínio
Este Simpósio espera acolher trabalhos com abordagens de cunho comparatista e multidisciplinar que focalizem as relações entre literatura e outros meios de expressão, consideradas a partir de uma perspectiva crítica pós-colonial. A tradição oral, o teatro, as artes visuais ou as obras audiovisuais (do cinema ao youtube), são algumas das manifestações culturais e artísticas que mantém vínculos com o corpus literário, tanto do ponto de vista da produção estética como teórica. Neste sentido, são bem-vindas pesquisas que compreendam as representações/criações/recepções da alteridade no campo das múltiplas e variadas formas de expressão poética ou artística, indagando sobre as vozes, gestos e ações subalternas dentro de tais representações, bem como sobre os mecanismos de produção e circulação das mesmas fora dos circuitos tradicionais de “consumo”. A expectativa é de que, em suas manifestações estéticas e críticas, as “margens” e “periferias” venham a ocupar uma posição central em discursos abarcados pelo horizonte dos estudos culturais, literários e pós-coloniais.

IV- Para um multiculturalismo autocrítico
Coordenação: Luís Eustáquio Soares
Considerando que a crítica deve se fundamentar antes de tudo na autocrítica, o presente Simpósio tem como objetivo questionar e problematizar algumas supostas “verdades” que circulam no universo acadêmico, no campo dos estudos culturais, multiculturais, pós-coloniais e da teoria da literatura. Sob esse ponto de vista, o primeiro questionamento é: qual o lugar da categoria “classe social” no campo dos estudos pós-coloniais? O segundo é: se o que tem marcado as sociedades do tipo “tradição do oprimido”, em diálogo com Walter Benjamin, é a simultaneidade entre hierarquia, polarização e exploração, como situar, no contemporâneo, o diagrama hierarquia-polarização-exploração? O terceiro é: consegue o multiculturalismo contemporâneo produzir resistências e alternativas à abstração monetária, a única “universalidade” realmente existente? O quarto é: se o que marca a abstração monetária é a produção universal de formas mercadorias, como afirmar a si, as suas diferenças étnicas, de gênero e mesmo de classe sem se tornar igualmente uma forma-mercadoria?  O quinto é: se traduzimos os poderes sedimentados contemporâneos com os nomes de governos, partidos políticos e corporações multinacionais, até que ponto o estado da situação da crítica atual resiste realmente às usinas de ideias patrocinadas estrategicamente por esses segmentos de poder? O sexto: onde foi parar à critica à modernidade capitalista? O sétimo: estamos mesmo no fim da história? O oitavo: direta ou indiretamente, quem são nossos financiadores?

V- Pós-modernidade, crítica pós-colonial e decolonial: hegemonia e resistência
Coordenação: Adelia Miglievich e Paula Regina Siega
Que indaguem sobre a “condição do saber nas sociedades mais desenvolvidas” (Lyotard) ou sobre as transformações trazidas pelo “capitalismo tardio” (Jameson), as teorias dominantes sobre o pós-moderno são produzidas nas zonas hegemônicas da economia mundial, conduzindo facilmente à ideia de que a pós-modernidade é “mais um privilégio das sociedades centrais” (Santos). A sua inadequação às sociedades ditas periféricas é alvo de polêmicas, assim como são as variações pós-coloniais, sobretudo, as vertentes dos estudos culturais (Stuart Hall) e dos estudos subalternos indianos (Chakrabarty; Bhabha; Spivak). A par disso, verifica-se na América Latina a efervescência do debate decolonial do qual participam, dentre outros, Dussel, Quijano, Mignolo e Escobar na luta pelo reconhecimento de vozes antes silenciadas, ao mesmo tempo em que, duvidando da história única, ampliam os loci de enunciação. Este simpósio acolhe reflexões críticas sobre debate teórico e produção literária pós-modernos e pós-coloniais – em suas tensões e hibridações – dando ênfase às “franjas” do capitalismo e indicando as questões da subalternidade, oposição, autonomia e/ou reapropriação dos modelos hegemônicos de análise e de expressão estética.

Conheça a programação (provisória).

Prazo final para submissão de trabalhos: 12 de agosto de 2013.

Maiores informações no site do evento.

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